sexta-feira, 8 de maio de 2009

Budapeste, um romance de Chico Buarque


Chico Buarque encarna a figura do narrador e mergulha na sombra que cerca o universo dos ghost-writers, os “fantasmas escritores”. Ou simplesmente, pessoas que prestam serviços autorais a políticos ou a quem possa pagar, e se contentam com o brilho ofuscado pelo anonimato. É assim a vida do protagonista de Budapeste, o brasileiro José Costa, que vive uma grande confusão mental acerca de seus desamores e desencontros... Cansado da vida ao lado da esposa jornalista e do filho com dificuldades de desenvolvimento, o protagonista vive dividido entre o Rio de Janeiro e a capital húngara, e por isso mesmo, a história é carregada de dualidade. Narra as recordações e o tempo presente, de forma não linear.
O romance é, também, uma grande reflexão sobre dilemas éticos, estéticos e legitimidade literária, servindo para investigar os intrincados mistérios da vaidade humana.
Com um estilo inconfundível e valores modernos da forma romanesca, Chico Buarque narra uma teia de acontecimentos que se invertem o tempo todo, dando a sensação de duplicidade e enganos ao leitor. Budapeste conta a história de um homem enredado pelo talento e dividido entre duas cidades, duas mulheres, duas línguas e dois livros... E só entendemos isso no final, quando o personagem principal, José Costa, volta a Budapeste coberto de glórias, depois de ter sido deportado para o Brasil. Nesse momento, tem sua vida contada por um ghost-writer e ao assinar um livro que não escreveu, entende a satisfação de distribuir autógrafos...


É assim também na vida real. Os fantasmas escritores estão por aí e desde os mais remotos tempos serviam aos líderes políticos. Fala-se que Tutancâmon já tinha um escriba particular... Nos dias de hoje a profissão é abraçada, normalmente, por jornalistas ou diplomatas, que ficam a serviço de um governo.
São muitos os discursos escritos por ghost-writers, mas o melhor deles, sem dúvida, fica por conta do jornalista João Soares Maciel Filho, autor original da histórica frase “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História” da ‘Carta-testamento’ de Getúlio Vargas. A única exigência de Getúlio foi o advérbio ‘serenamente’ no início do discurso.
Seria esse um dos personagens em quem o Chico se inspirou?

4 comentários:

  1. Parabéns, amiga culta!
    Seu blog tá o máximo!
    Quando crescer quero ser como você!

    rsrs

    Abraços

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  2. Oi Diane,
    Realmente a leitura nos ensina tudo, e como diria nossa irmã Márcia,a leitura enobrece a alma!!!!!
    Parabéns,muito bom seu blog.

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  3. Oi Diane!
    Belíssimo! Chico nos proporciona a possibilidade de vivenciar presente e passado, Rio e Budapeste, concomitantemente. Uma verdadeira viagem espacial, temporal e literária.
    um livro feito para se ler de uma vez. Para sentar numa manhã de sábado e só parar à noitinha na última página. Chico nunca foi tão Buarque. RSRS
    C'est magnifique votre blog!!!!!!

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  4. Ola Diane, está muito bom o seu blog, adorei a visita sua aqui na cidade, volte sempre

    acesse meu portal www.portalantense.com.br

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